20 de dez. de 2009

Todas as crianças da Terra


Um capacete de guerra tem um ar carrancudo
Muito mais bela é uma flor
Uma flor tem tudo
para falar de paz e de amor.

Mas se virarmos o capacete de guerra
ele será um vaso, e é bem capaz
de ter uma flor num pouco de terra
e falar de amor e de paz.

A paz é uma pomba que voa.
É um casal de namorados,
São os pardais de Lisboa
que fazem ninho nos telhados.

E é o riacho de mansinho
que saltita nas pedras morenas
e toda a calma do caminho
com árvores altas e serenas.

A paz é o livro que ensina.
É uma vela em alto mar
e é o cabelo da o menina
que o vento conseguiu soltar.

E é o trabalho, o pão, a mesa,
a seara de trigo, ou de milho,
e perto da lâmpada acesa
a mãe que embala o seu filho.

A paz é quando um canhão
muito feio e de poucas falas
sente bater um coração
e dispara cravos, em vez de balas.

E é o braço que dás
no dia em que tu partires,
e as gotas de chuvas da paz
no balanço do arco-íris.

É luar de lua cheia
tocando as casas e a rua,
são conchas, búzios na areia,
a paz é minha e é tua.

É o povo todo unido
no mundo, de norte a sul,
e é um balão colorido
subindo no céu azul.

A paz é o oposto da guerra,
é o sol, são as madragudas,
e todas as crianças da terra
de mãos dadas, de mãos dadas,
de mãos dadas.

(Sidónio Muralha)

Um comentário:

  1. gostei muito ,muito interesante ,lindo,podemos aprender novas coisas S2

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