A poesia é muito importante na vida da gente. Sem ela a vida seria sem magia, menos colorida, menos bonita... Estas poesias serão para os pequenos, pois a beleza das palavras, dos sons, dos ritmos, da música da língua falada, ou cantada, se adentra aos seus ouvidos e faz brilhar a varinha das fadas e elfos.
2 de nov. de 2011
CAIXA MÁGICA DE SURPRESA
Um livro
é uma beleza,
é caixa mágica
só de surpresa.
Um livro
parece mudo,
mas nele a gente
descobre tudo.
Um livro
tem asas
longas e leves
que, de repente,
levam a gente
longe, longe.
Um livro
é parque de diversões
cheio de sonhos coloridos,
cheio de doces sortidos,
cheio de luzes e balões.
Um livro
é uma floresta
com folhas e flores
e bicos e cores.
É mesmo uma festa,
um baú de feiticeiro,
um navio pirata do mar,
um foguete perdido no ar,
é amigo e companheiro.
Elias José
PONTO DE TECER POESIA (1)
Era uma vez um rato,
rato-ratinho-roedor,
que roeu toda a poesia
que uma fada fazia
em noite enluarada.
Pobre fada!
Aí, chegou Dona Estrela
e beliscou aquele rato
com uma ponta bem aguda,
da sua unha de estrela,
vermelha.
O rato gritou, sofrido.
A fada teve um desmaio.
A estrela foi pra China,
e da poesia
eu caio.
Sylvia Orthof
PONTO DE TECER POESIA (2)
LAGOA
DONA VASSOURA
Trabalho o dia todo,
todo dia sem falhar.
Não conheço feriado
nem sei o que é repousar.
Sempre em pé, sempre pronta!
Pensam que eu sou de aço?
Sei que sou uma vassoura
mas durmo em pé de cansaço!
Se a visita é bem chata
e com a hora não se importa
me viram de cabeça pra baixo
e fico tonta atrás da porta.
Minha maior inimiga
é aquela sujeirinha teimosa
que gruda no chão feito cola
e comigo se faz de gostosa.
As praias são tão grandes,
morro de tanto trabalhar.
Se todos sujassem menos,
menos tinha pra limpar.
Quanto mais velha eu fico
bem mais eu quero ficar,
pois só depois de bem velha
me deixam em paz pra brincar.
Guimar de Paiva Brandão
1 de nov. de 2011
TREM DE FERRO
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pato
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
Que vontade
De cantar!
Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo...
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(Manuel Bandeira)
O TEMPO É UM FIO
O tempo é um fio fino bastante frágil.
Um fio fino que à toa escapa.
O tempo é um fio.
Tecei! Tecei!
Rendas de bilro com gentileza.
Com mais empenho franças espessas.
Malhas e redes com mais astúcia.
O tempo é um fio que vale muito.
Franças espessas carregam frutos.
Malhas e redes apanham peixes.
O tempo é um fio por entre os dedos.
Escapa o fio, perdeu-se o tempo
Lá vai o tempo
como um farrapo
jogado à toa!
Mas ainda é tempo!
Soltai os potros aos quatro ventos,
mandai os servos de um pólo ao outro,
vencei escarpas, dormi nas moitas,
voltai com tempo que já se foi...
(Henriqueta Lisboa)
GATO PENSA?
Dizem que gato não pensa
mas é difícil de crer.
Já que ele também não fala
como é que se vai saber?
A verdade é que o Gatinho,
quando mija na almofada,
vai depressa se esconder:
sabe que fez coisa errada.
E se a comida está quente,
ele, antes de comer,
muito calculadamente,
toca com a pata pra ver.
Só quando a temperatura
da comida está normal,
vem ele e come afinal.
E você pode explicar
como é que ele sabia
que ela ia esfriar?
(Ferreira Gullar)
A MENINA TRANSPARENTE
Eu apareço disfarçada de todas as coisas . . .
Posso ser vista no por-do-sol ou no nascer dele.
Eu posso estar através da janela,
Posso ser vista na asa da gaivota
Ou pelo ar que passa por ela.
Muitos me vêem no mar,
Outros na comida da panela.
Posso aparecer para qualquer ser,
Desde ele pequenininho;
Ficar com ele direitinho,
Se tratar de mim como eu merecer.
Uns me pegam pra criar em livro,
Outros me botam num vestido lindo,
Cheio de notas musicais:
Fico morando dentro da música.
Tenho muitas mães e digo mais:
Sou uma criança com muitos pais.
Tem gente que diz que eu nasço dentro da pessoa,
E faço ela olhar diferente,
Pra tudo que todos olham,
Mas não notam.
Ás vezes apareço tão transparente e de mansinho
Que mais pareço um Gasparzinho.
Tem gente que nunca percebe que estou ali,
Não cuida de mim,
Não me exercita.
Eu fico como um laço de fita
Que nunca teve um rabo de cavalo dentro.
Eu fico como uma planta de dentro da casa
Que ninguém molha, conversa nem nada.
Quem me adivinha logo dentro dele,
Quem percebe que estou ali diariamente,
Quem anda comigo e com o meu gingado,
Fica com o coração inteligente
E com o pensamento emocionado.
A esse que eu dou a mão,
E vou com esse para todo lado:
Aniversários, passeios, sono, cama, biblioteca, casa, escola;
Estou com esse a toda hora.
Tem gente que me vê muito na beleza da flor,
No mato, na primavera e no calor.
É que ando muito mesmo.
Eu posso até voar!
Por isso que me vêem no céu, nas estrelas, nos planetas
E nas conversas das crianças.
Quem anda comigo tem muita esperança.
Todo mundo que me tem
Pode me usar e me espalhar por aí.
Quem gosta muito de mim,
Depois que me conhece,
Junta gente em volta como se eu fosse uma festa.
Me usam até em palestra!
Me acordam lá do papel.
Ih! Eu tinha esquecido de dizer
Que, quando a pessoa começa a me escrever,
Eu fico morando no papel.
Toda vez que alguém me lê para dentro eu passo para dentro dele.
Toda vez que alguém me lê para fora, em voz alta,
Como se eu fosse uma música,
Eu passo para dentro de todo mundo que me vê;
Eu posso trazer alento a todo mundo que me escuta.
Tem gente que me pega só numa fase,
Como se eu fosse uma gripe boa,
E como se dessa boa gripe ficasse gripada.
Quero dizer . . .
Eu dou muito no coração de gente apaixonada.
Minha palavra é do sexo feminino,
Brinco com menino e com menina,
Fico com a pessoa até ela ficar velhinha,
Inclusive de bengala;
E depois que ela morre,
Faço ela ficar viva
Toda vez que por mim é lembrada.
Ás vezes eu sou sapeca,
Ás vezes eu fico quieta,
Mas todo mundo que olha através de mim é poeta.
Veja se eu sou esta que fala dentro de você.
Eu não posso escrever porque não sou poeta:
Sou a poesia!
Tente agora fazer um verso.
Se eu fosse você, faria.
(Elisa Lucinda)
RECEITA PARA INVENTAR PRESENTES
31 de out. de 2011
O MEDO DO MENINO
Que barulho estranho,
vem lá de fora,
vem lá de dentro?!
.
Que barulho medonho
no forro,
no porão,
na cozinha,
ou na despensa!...
.
Será fantasma
ou alma penada ?
Será bicho furioso
ou barulhinho de nada ?
.
E o menino olha
na escura escada
e não vê nada.
Travesseiro
E olha na vidraça
e uma sombra o ameaça.
.
Quem se esconde ?
Esconde onde?
.
Se vem alguém passo a passo
Na rua deserta
O medo aumenta.
Passos de gente de casa
Encolhe o medo.
Se somem vozes e passos
De gente de casa,
No ato, no quarto,
Vem o arrepio
E o menino encolhe,
Fica todo enroladinho.
E se embrulha nas cobertas,
Enfia a cabeça no travesseiro
E devagar, devagarinho,
Sem segredo,
Vem o sono
E some o medo
(Elias José)
A GALINHA COR-DE-ROSA
Era uma galinha cor-de-rosa,
Metida a chique, toda orgulhosa,
Que detestava pisar no chão
Cheio de lama do galinheiro.
Ficava no alto do poleiro
E quando saía do lugar,
Batia as asas para voar.
Mas seus pés acabavam na lama.
Aí armava o maior chilique,
Cacarejava, bicava o galo,
E depois, com ar de rainha,
Lavava os pés numa pocinha.
(Duda Machado)
AFIM JUNTO E A FIM SEPARADO
Há um afim assim junto,
E outro a fim separado.
Hífen, de jeito nenhum;
Colocando, fica errado.
Afim junto é semelhança,
Caracteres consoantes,
Temperamentos afins,
Ou aspectos semelhantes.
Eu já vi que são afins
Os nossos temperamentos,
Como você pensa, eu penso,
Temos os mesmos argumentos.
A fim assim separado
Indica finalidade:
Estudo a fim de aprender,
Pergunto a fim da verdade.
(Donzilio Luiz de Oliveira)
À MINHA MESTRA
UMA PALMADA BEM DADA
É a menina manhosa
Que não gosta da rosa,
Que não quer A borboleta
Porque é amarela e preta,
Que não quer maçã nem pêra
Porque tem gosto de cera,
Porque não toma leite
Porque lhe parece azeite,
Que mingau não toma
Porque é mesmo goma,
Que não almoça nem janta
porque cansa a garganta,
Que tem medo do gato
E também do rato,
E também do cão
E também do ladrão,
Que não calça meia
Porque dentro tem areia
Que não toma banho frio
Porque sente arrepio,
Que não toma banho quente
Porque calor sente
Que a unha não corta
Porque fica sempre torta,
Que não escova os dentes
Porque ficam dormentes
Que não quer dormir cedo
Porque sente imenso medo,
Que também tarde não dorme
Porque sente um medo enorme,
Que não quer festa nem beijo,
Nem doce nem queijo.
Ó menina levada,
Quer uma palmada?
Uma palmada bem dada
Para quem não quer nada!
(Cecilia Meireles)
A POSSE
O CÃO
INFÂNCIA
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras.
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu...Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro...que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
(Carlos Drummond de Andrade
30 de out. de 2011
FELIZ DIA DAS BRUXAS
24 de set. de 2011
DESPERTA NO BOSQUE (Música)
A DANÇA DAS FLORES
Flor do jardim,
flor que deveria
ser da primavera,
mas que preferiu
enganar as estações.
Leve flor carregada
pelo vento.
E nele desliza
como que em
delicada dança,
Flor que teve por par a brisa.
Brisa que acalmou o vento,
do som que se escondia no silêncio,
dos segredos que, embora ditos,
somente foram ouvidos
pelos que tinham ouvidos de ouvir,
pois que escutavam
com a alma,
pois que conheciam
os caminhos do coração.
Flor que é
delicadeza no botão,
e esplendor
no seu momento mágico.
Flor que decora
o circo da vida,
onde os pecados
convivem com as virtudes,
onde o perdão os liberta,
e os transforma
em sementes renovadas.
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flor que deveria
ser da primavera,
mas que preferiu
enganar as estações.
Leve flor carregada
pelo vento.
E nele desliza
como que em
delicada dança,
Flor que teve por par a brisa.
Brisa que acalmou o vento,
do som que se escondia no silêncio,
dos segredos que, embora ditos,
somente foram ouvidos
pelos que tinham ouvidos de ouvir,
pois que escutavam
com a alma,
pois que conheciam
os caminhos do coração.
Flor que é
delicadeza no botão,
e esplendor
no seu momento mágico.
Flor que decora
o circo da vida,
onde os pecados
convivem com as virtudes,
onde o perdão os liberta,
e os transforma
em sementes renovadas.
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PRIMAVERA...
“No balé das cores,
Desfilando orquídeas
Vejo minha vida
Como reprise...
Olhos brilhantes
De sonhos tantos...
Mágico instante
Doce release...
Fui primavera
De harmonia , beleza
Tantas certezas...
Bela estação é esta!
Mas, de certo, agora
Sei apenas que chega... E vai embora...” (Rose Felliciano).
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Desfilando orquídeas
Vejo minha vida
Como reprise...
Olhos brilhantes
De sonhos tantos...
Mágico instante
Doce release...
Fui primavera
De harmonia , beleza
Tantas certezas...
Bela estação é esta!
Mas, de certo, agora
Sei apenas que chega... E vai embora...” (Rose Felliciano).
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